Eu posso até compreender que o Nazareth seja conhecido mundialmente por suas baladas românticas, sobretudo “Love Hurts”, mas é inaceitável, pelo menos para mim, as pessoas acharem que a banda se resume à essas músicas carinhosamente apelidadas de “mela cueca”. Minha indignação é tanta, que nessa resenha falarei um pouco sobre o disco que vai mudar muito a forma como você encara o Nazareth: o Razamanaz. Segura que lá vem pedrada!

Foi o começo de uma virada para a banda escocesa que até antão não havia logrado muito êxito com seus primeiros discos, Nazareth (1971) e Exercises (1972). Foi aí que uma figura muito importante do Rock e para a história da banda entrou em ação: Roger Glover. O então baixista do Deep Purple produziu três discos do Nazareth, sendo este o primeiro, e mudou para sempre os rumos da banda escocesa. Eles se conheceram quando o Nazareth abriu shows do Purple, e como eles estavam à procura de um produtor para o próximo disco, tudo se encaixou, ainda mais porque o Roger gostou do que viu ao vivo e topou esse desafio.

Eu mencionei no título dessa resenha que esse álbum faz qualquer um esquecer de “Love Hurts” e companhia limitada. O motivo? Veja abaixo:

O disco já começa com uma pancada brutal, a faixa título “Razamanaz”. Crua, vocal rasgado do Dan McCaffert, a guitarra alucinada do Manny Charlton, solando e arrebentando tudo que aparecia pela frente, além, claro, do baixo sensacional do Pete Agnew. Sério, é uma verdadeira aula de como fazer hard rock nos anos 70. Sem contar que o disco todo é carregado de um blues maravilhoso. Outra coisa perceptível é que apesar de bem produzido, propositalmente mantiveram a crueza do som, o que deixa tudo ainda melhor.

Quando você abre o disco com uma música dessas a responsabilidade do que vem a seguir aumenta, afinal, você colocou o sarrafo lá em cima, mas posso afirmar que eles estavam muito cientes disso e o que veio depois manteve a excelência.

Outra música que eu destaco é Woke Up This Morning, que tem um ritmo bluezero de tirar o fôlego. É aquele tipo de som que quando ouvimos sentimos vontade de pegar uma estrada vazia, colocar o volume no último e acelerar até não poder mais. Quem curte rock com um blues bem carregado vai pirar nessa música. Ah, ainda nessa pegada, não poderia deixar de citar “Bad, Bad Boy”, outro destaque do disco, sempre colocada entre as melhores.

Para não me alongar demais, vou destacar apenas mais uma faixa, Se liga:

Quem não perceber a influência do Black Sabbath nessa música está maluco. Se ouvir o riff de “Hard Living” desavisado vai pensar que é uma música do Sabbath que talvez não se lembre. Essa música nem é tão aclamada assim, o que me causa estranheza, mas desde a primeira vez que ouvi me chamou muito a atenção.

Acho que já dei pelo menos quatro bons argumentos para fazer com que você deixe de olhar para o Nazareth e enxergar uma banda de baladas românticas. E olha que ainda poderia citar facilmente mais três ou quatro faixas incríveis. Mas se eu falar tudo perde a graça, então deixemos assim.

Não posso deixar de mencionar que “Razamanaz” ganhou disco de platina no Canadá, e esse feito abriu as portas da banda para o que viria a seguir. Foi o início de uma trajetória riquíssima que culminou com vários e vários discos de ouro no país, além do disco de platina nos Estados Unidos em 1975 com o “Hair of the Dog”.

Não resisti, ai vai mais uma:

0 0 votos
Avalie o disco

0 Comentários
Mais antigos
Mais recentes Mais votado
Feedbacks imbutidos
Visualizar todos comentários
plugins premium WordPress