Eu sei que, quando se pensa em Nazareth, logo vêm à cabeça as belíssimas baladas Love Hurts e Where Are You Now. Eu sei, não precisa se envergonhar. Entendo que naquela banca que vendia três DVDs por dez reais, tinha aquele “As 100 Melhores Internacionais” — e lá estavam elas. Pelo menos Love Hurts, é certeza. Ou então naquele pen drive de 1.200 músicas comprado no semáforo. Tudo bem, realmente são belas canções românticas que arrebatam os corações mais apaixonados (e sofridos).
Mas deixemos de lado todo esse romance por um instante. Vista seu capacete, porque o assunto de hoje é pedrada. Vamos falar a respeito de Razamanaz, terceiro disco do Nazareth, lançado em 1973. Eis uma aula de como fazer hard rock, com direito a um professor pra lá de conhecido.
Podemos dizer que os dois primeiros discos da banda — Nazareth (1971) e Exercises (1972) — são bem legais, mas, por alguma razão, não emplacaram. E aí, numa dessas turnês do Deep Purple, o nosso querido Roger Glover, baixista da banda na ocasião, e que atacava de produtor nas horas vagas, gostou da rapaziada do Nazareth, enxergou potencial neles e partiu para o desafio de produzir o próximo álbum dos caras. Daí surgiu essa obra que estamos falando hoje.
Sobre o conteúdo do disco: aquele que só conhece as baladas da banda logo toma um soco no peito quando a primeira música começa — a faixa-título, Razamanaz. O início já vem carregado do que podemos chamar de puro hard rock setentista, feito da forma mais crua e pesada possível. A carga de energia nesse som é brutal! A atuação da banda no disco inteiro é fodelástica, mas, nessa, não dá pra não destacar a guitarra de Manny Charlton, que praticamente sola a música inteira, e a bateria de Darrell Sweet. Um verdadeiro amasso. Baita cartão de visitas.
Razamanaz ainda conta com destaques como Alcatraz, Woke Up This Morning, Bad Bad Boy e o hit Broken Down Angel — sem falar nas não citadas, que complementam esse disco excelente.
A primeira vez que ouvi esse álbum, fiquei impressionado, pois ele traz o hard rock que eu tanto gosto nas bandas dos anos 70. Na época, esperava algo menos enérgico — e fui surpreendido. Não à toa, esse álbum foi o primeiro da banda a ter destaque comercial, recebendo disco de platina no Canadá e figurando muito bem nas paradas de sucesso de vários países, ficando em 11º lugar nas paradas britânicas durante 25 semanas e em 4º lugar na Finlândia. Discaço indiscutível. Roger Glover soube explorar bem o potencial da banda e abriu caminho para o maior sucesso do Nazareth, que viria a ser lançado dois anos depois: o clássico Hair of the Dog. Tudo bem que tiveram outros discos entre um e outro, mas esse foi o principal fator na pavimentação do sucesso do Nazareth. Foi o abre-alas para um reconhecimento que seria muito maior anos depois.
Quando estiver menos romântico e quiser ouvir Nazareth, vai nesse que é sucesso!
Nota: 8,5