Blue Öyster Cult – Cultösaurus Erectus (1980)

Desde que comecei a ouvir o Blue Öyster Cult, o meu disco favorito era o clássico e aclamado Fire of Unknown Origin, lançado em 1981. Cá entre nós, não é uma escolha tão difícil assim. Não há nada de especial nisso — afinal, é a preferência de muitos fãs da banda. Além desse, não posso deixar de citar os incríveis Agents of Fortune (1976) e Spectres (1977).

Até aí, tudo bem. Eu, de certa forma, ignorava o resto da discografia, achando que, conhecendo essa trinca, nada do que eles tivessem feito poderia me surpreender. Ledo engano.

Certo dia, dando aquela “zapiada” pelos discos do BÖC, me deparei com esse tal de Cultösaurus Erectus. O primeiro pensamento foi: deve ser um disco de prog rock daqueles bem insossos. Não é possível que eles tenham feito algo tão bom assim antes do Fire of Unknown Origin. Vou contar a teoria que eu bolei na minha mente — não espalha, por favor.

Eu, não sei por que motivo, razão ou circunstância, associei o nome do disco — que remete a algo científico, comum em nomes dados a seres vivos em geral — a algo “culto” demais (perdão pelo trocadilho), arrastado, cheio de frescuras. Gosto de rock progressivo, mas há momentos em que os punks têm toda razão: forçam demais a barra. Bem, fui tentar comprovar essa tese ridícula, pensando que, pelo nome do disco, eu já tinha matado a charada. Mas tudo mudou quando começou Black Blade. Foram quase sete minutos de pancada! E… nada do prog rock que eu esperava (ou temia). Absolutamente tudo mudou a partir de então.

Jamais imaginaria que uma música inspirada na saga de fantasia do personagem Elric de Melniboné, criada pelo escritor britânico Michael Moorcock, contando a relação conturbada de Elric com sua espada, Stormbringer, fosse prender tanto a minha atenção. A curiosidade nessa música é o fato de o próprio Moorcock ter colaborado na composição. Já posso dizer que é uma das melhores do disco… ou ainda é cedo?

Calma, não vamos criar expectativas — isso já deu errado outras vezes. Estamos apenas na primeira faixa. Vamos respirar e ir para a próxima. No caso, Monsters. A essa altura, eu já tinha entregado os pontos. A música começa com tudo e, em menos de um minuto, temos um trecho jazzístico brabíssimo! O que os caras abusaram do piano nessa música é brincadeira. Sensacional!

Eu, sinceramente, nem sei se devo destacar o restante, pois, pelos meus cálculos, eu gosto de tudo nesse álbum. Para não ficar em cima do muro, vou falar a que eu menos gosto: Unknown Tongue. Motivo? Nenhum! Vai, talvez eu não tenha descido do muro, mas estou pendurado. Melhorou? Fiz um movimento de saída. Vou fazer outro: a faixa que eu mais gosto, ao lado de Black Blade, é Lips in the Hills. Aqui temos uma sonoridade enérgica, que às vezes pode contrastar com partes mais soturnas, menos “alegrinhas” do disco.

Vou deixar aquelas que não citei nominalmente a cargo de você, caro(a) leitor(a). Só posso dizer que vai valer muito, muito a pena mesmo!

Apesar de ter roubado o primeiro lugar do disco que eu mais gosto do Blue Öyster Cult, a nota não será dez — e não, não estou ficando louco. Tenho um argumento. Paradoxal, mas tenho. Você vê que Cultösaurus Erectus é f*** porque consegue ser tudo isso sem um hit, daqueles top five da banda (nem top ten), mas, para ele entrar para os anais da história (lá ele), faltou esse hit. Sei que são abordagens diferentes, mas… imaginem um Burnin’ for You nesse álbum. Aí, meus amigos, o estrago estaria feito.

Talvez, no dia em que você estiver lendo esta resenha, esse já não seja mais o meu disco favorito do BÖC.

Aprendi a não duvidar desses caras.

Nota: 9/10

Link do disco: https://open.spotify.com/intl-pt/album/2w9ox8f1PSz30Ayanrm9C4?si=CIOkLbqWRQeOPHi2AvbTCQ

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