No prolífico início da década de 1970, o Uriah Heep, formado no ano de 1969 em Londres, já havia lançado três álbuns: “…Very ‘Eavy …Very ‘Umble” em 1970 e “Salisbury” e “Look at Yourself” em 1971. Embora sejam discos reconhecidamente bons, inclusive com boa recepção por parte da crítica, a banda não atingiu o mesmo prestígio de seus contemporâneos, Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath. Convenhamos que figurar com destaque em meio à santíssima trindade do rock não é tarefa fácil para ninguém, mas, na minha opinião, a magia – literalmente – aconteceu quando, em 1972, veio o místico, poderoso e envolvente “Demons & Wizards“. Pode soar exagerado, não me importo, mas esse disco bate de frente com qualquer clássico lançado no mesmo período pelas bandas citadas acima. Topo um desafio faixa a faixa com qualquer um. Então, se eu fosse você, faria um teste. Vai que nessa você encontra o feiticeiro que reside nas montanhas, tem olhos de fogo e descobre o caminho para a felicidade e liberdade plenas.
Sem querer, já entreguei a temática da maravilhosa faixa de abertura, “The Wizard“. Com uma letra que une o místico e o desejo por paz, liberdade e amor, essa lindíssima faixa, mais acústica, abre essa obra-prima com chave de ouro, ou seria com uma “cloak of gold” (capa de ouro)?
Seria bobagem destacar faixa por faixa, porque o disco inteiro é maravilhoso! Sei que uso muito essa “justificativa”, mas é verdade. Para agregar mais elementos ao que estou dizendo, vou destacar a quina de abertura do disco, ou seja, algo que corresponde a mais da metade da obra. Olha, a menos que você tenha aquele olhar de achar tudo o que uma banda faz lindo e maravilhoso, completamente ausente de crítica, sabe que cinco músicas espetaculares em um disco e em sequência não é muito comum.
Além da já mencionada “The Wizard“, temos ainda “Traveller in Time“, que gera um certo contraste com a faixa de abertura, trazendo logo de cara aquele hard rock visceral da década de 1970, mesclando momentos cadenciados em determinados momentos. “Easy Livin‘” dispensa comentários. É o maior hit da banda e tem um trabalho espetacular do nosso querido Gary Thain no baixo. Espetacular! Ainda na cozinha, a quarta música, “Poet’s Justice“, começa com uma bateria absurdamente fenomenal do Lee Kerslake. Eu nem gosto de ficar destacando esse ou aquele individualmente, até porque para sair uma obra-prima dessas, todos devem estar perfeitos. Dizer o que a respeito da performance vocal do David Byron, da guitarra solo do Mick Box e do Ken Hensley à frente dos teclados? “Circle of Hands” encerra a quina de forma genial, sendo uma das músicas mais aclamadas do disco. Vocês sabem que eu continuaria destacando faixas, mas, sinceramente, não dá! É uma obra irretocável, tudo nela é perfeito.
Mas tem algo que talvez vocês nunca tenham reparado e que não tem relação direta com as músicas. Estou falando da arte de capa, feita pelo Roger Dean. Não é que o safadinho colocou um negócio de duplo sentido na capa de “Demons & Wizards“? Observem com cuidado a segunda imagem (direita). Há uma clara referência a uma vagina, é isso mesmo, não tem teoria da conspiração. A “cereja do bolo” é um clitóris na parte superior da “cascata”. Não é todo dia que alguém te aponta onde ele fica, não é mesmo?
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Ouça muito!
Ficha técnica:
- Data de Lançamento: 19 de maio de 1972
- Selo Discográfico: Bronze Records
- Produtor: Gerry Bron
- Engenheiro de Som: Peter Gallen
- Arte da Capa: Roger Dean
- Músicos:
- David Byron – Vocais principais
- Ken Hensley – Teclados, guitarra slide, vocais de apoio
- Mick Box – Guitarra solo, vocais de apoio
- Gary Thain – Baixo
- Lee Kerslake – Bateria, percussão, vocais de apoio