Sempre acreditei que o The Doors fosse uma banda sem paralelos. E, em certa medida, era mesmo. Bandas que tiveram destaque no final dos anos 60 e início dos 70 exerceram influência direta nas gerações futuras, como os Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Who, Deep Purple, Jimi Hendrix, entre outros. Mas com o quarteto de Los Angeles a percepção era totalmente diferente. Pode ser que os rumos que o Rock tomou a partir da década de 1970 fez com que o som praticado pelo The Doors soasse datado, ou algo do tipo. É claro que alguns se inspiraram na persona do Jim Morrison, como Iggy Pop, ou na forma como ele se expressava nas músicas, caso do Ian Curtis, do Joy Division. Mesmo assim, eram influências tímidas, nada que remetesse diretamente à maneira como a banda criava e tocava suas músicas.

Agora imagine que você é um fã de The Doors e, em 2009, pega o disco de estreia de uma banda de Baltimore chamada The Flying Eyes. Deixa a cervejinha no jeito, senta-se confortavelmente em sua poltrona, ajeita os fones e, antes de dar play, pensa que essa seria a última tentativa, já que essa molecada de hoje em dia não sabe mais fazer rock como antigamente. Dá aquela última olhada para a capa do disco, quase sem esperanças e, finalmente, aperta o play.

ATENÇÃO: Cenas fortes!

Logo nos primeiros segundos de “Lay With Me”, você toma um susto enorme, daqueles que faz a sua poltrona cair para trás. No tombo, a cerveja derrama, sujando toda a sua roupa, poltrona e o chão. O fone? Ah, esse aí já está à metros de distância. Você se levanta, achando estar sendo alvo de alguma brincadeira, não está entendendo nada! Ainda meio disperso, percebe que o fone ainda está tocando aquela música. Caminha até ele e, por alguns instantes, não sabe o pega do chão. Olha ao seu redor mais uma vez, como se quisesse se certificar que a pegadinha já acabou. O cheiro de cerveja já tomou conta do ambiente, mas você nem se importa, principalmente após perceber que não tem pegadinha nenhuma. Está tomado pelo êxtase de saber que está diante de uma banda influenciada pelo The Doors e que o vocalista, Will Kelly, possui um timbre que não ouvia desde a última palavra cantada por Jim Morrison na última música do último disco com a participação dele, “Riders on The Storm”, do álbum “L.A Woman” (1971).

Finalmente, você abre aquele sorriso de satisfação!

Duas coisas passam pela sua cabeça nesse momento: “Essa molecada ainda tem jeito” e “Jim Morrison não morreu!”

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