Talvez não seja nenhum exagero dizer que “Heartbeat City” é o álbum mais bem-sucedido do The Cars. E olha que seu antecessor, “Shake It Up (1981)”, fez um barulho tremendo, batendo o Top 10 da Billboard Hot 100 nos Estados Unidos. Novamente, o desafio estava lançado. Mas eles tinham uma carta na manga (e que carta): Robert John “Mutt” Lange. O produtor zambiano tinha o “molho” quando o assunto era produzir discos de sucesso. Quando foi trabalhar com o The Cars, ele já possuia em seu cartel nada mais, nada menos que “Highway to Hell” e “Back in Black”, do AC/DC, “Pyromania” do Def Leppard e “4” do Foreigner. Pois é, se o objetivo era atingir o topo, não poderiam contar com outra pessoa.

Misturando elementos do synthpop, rock e new wave, “Heatbeat City” reuniu tudo aquilo que as rádios adoravam na década de 1980. E o mais interessante é que cada um desses ingredientes foram muito bem distribuídos no álbum. Uma das faixas de destaque, “Magic”, é um belo exemplo do balanço perfeito do rock com o synthop, que já havia sido muito bem explorado no disco anterior. Essa música nos apresenta um andamento mais voltado para rock, com os sintetizadores dividindo o espaço no refrão e assumindo o protagonismo em alguns momentos. Ela nos passa a sensação de estar diante do melhor que o AOR pode oferecer. Baita som! animado e contagiante. Nessa mesma linha, “You Might Think”, um dos maiores hits do The Cars, apresenta um conceito muito parecido, porém mesclando mais os estilos, ou seja, os mesmos ingredientes para um prato razoavelmente distinto. Essa fórmula se repete durante todo o disco. Mas calma, se repete sem se tornar repetitiva, apenas para deixar claro. Talvez a única exceção seja a faixa mais “New Wave” do álbum e a mais famosa da banda: “Drive”. Até quem não curte baladas acaba dando o braço a torcer. Ela é simplesmente perfeita! Não por acaso, foi tocada até a exaustão nas rádios ao longo das décadas e continua sendo, embora em rádios específicas com um público mais nichado. A curiosidade nessa música fica por conta do vocal. Essa é a única música cantada pelo baixista Benjamin Orr. Além da performance gigantesca no disco, ainda escolheu a dedo uma música para cantar. É… escolher a dedo talvez seja algo normal para baixistas.

O álbum chegou ao top 3 da Billboard 200, venceu o MTV Video Music Award de Vídeo do Ano em 1984 por causa do clipe de “You Might Think” e seus elementos de computação gráfica, que para a época era algo bastante inovador e ousado. Mais uma vez, o senhor Mutt Lange fez um trabalho de excelência, irretocável! A atenção aos detalhes, arranjos e qualidade da produção mostram porque ele é uma das maiores referências no meio musical.

“Heartbeat City” é, sem dúvidas, uma das minhas recomendações para aqueles que estão chegando ao mundo do rock e gostam da sonoridade pop e singular da década de 80. Tudo nele é na medida certa, inclusive o sucesso atingido, o rótulo de clássico e a maneira como ele marcou toda uma geração de amantes da música.

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