Hoje, Surrender é o meu álbum favorito do duo “The Chemical Brothers”. Divertido e diversificado em estilos de música eletrônica. Por meio de obras como essa, o som “breakbeat” partiu das raves e passou a pertencer parte do mainstream. O mesmo ocorreu com os esforços vindos de atos como o “The Prodigy”, “The Crystal Method”, “Fatboy Slim”, e muitos outros. Não é nada difícil encontrar um filme, comercial de televisão e, principalmente, trilha sonora de videogame contemporânea que não tenha uma música desses artistas. Para os extra-curiosos, escutem a trilha sonora dos primeiros jogos da franquia “Wipeout” para o Playstation, que captura a atmosfera desse mundo com maestria.

O álbum é marcante para mim porque, diferentemente dos hits e hinos da house music e eurodance da época, o “breakbeat” mescla elementos da house e rave music com loops de bateria distorcidos e acelerados. Possui algumas músicas onde outros gêneros mais… analógicos, se sobrepõem ao batidão eletrônico. E mantém uma temática forte e consistente da psicodelia ao longo da reprodução. Tudo isso cria uma obra bem mais atemporal.

As duas primeiras, “Music:Response” e “Under the Influence” são o exemplo mais típico de “breakbeat” da época. Seguidas por “Out of Control”, que conta com os vocais do Bernard Summer do New Order, e usa um estilo mais próximo do som do início dos anos 90, um pouco mais voltado para a house music.

O ritmo relaxa com o misto de funk-eletrônica de “Orange Wedge”, descansando seu sistema nervoso para o destaque do álbum: Let Forever Be”. Rock psicodélico com eletrônica, pegando emprestado o vocal de Noel Gallagher e uma batida de bateria muito viciante. Quem não curtir, pelo menos, o loop da bateria não tem mais pulso:

Passado o hype, “The Sunshine Underground” e “Asleep from Day” são o descanso introspectivo necessário nessa montanha russa. Belas composições experimentais.

“Got Glint?”, mais um throwback lindo para o deep house do final dos anos 80 e começo dos anos 90, seguida por “Hey Boy Hey Girl”, o segundo hit do álbum e talvez um dos mais populares do duo, perfeita para qualquer mixagem de balada da época.

Fechando o álbum, “Surrender” e “Dream On” entregam a ideia geral com leveza e um ritmo mais lento, melodias mais próximas à música psicodélica e hippie dos anos 60. Com cítaras e violões cheios de floreios.

E esse é “Surrender”. Um álbum inesquecível vindo de uma série de banger after banger dos Chemical Brothers.

Daft Punk revolucionou a música eletrônica nessa mesma época, isso é inegável especialmente para quem viveu o momento nas pistas de dança. Mas acredito que atos como esse que vieram antes foram igualmente importantes. Sim, o Daft Punk daquela época encabeçou paradas semana após semana. Mas na minha opinião, os Brothers e toda a cena do “breakbeat” não deixa nada a desejar, e apesar de não possuir uma mixagem e sampleagem tão complexa quanto a música dos dois “robôs”, consegue ser bem menos repetitiva e até mais interessante, e preencheu mais espaços midiáticos onde Daft Punk ainda não havia chegado.

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