“Creatures of the Night,” disco do Kiss lançado em 1982, foi o álbum que abriu as portas da banda para o público brasileiro. Afinal, em 1983, eles desembarcaram pela primeira vez no Brasil durante a turnê de divulgação do disco. Não é necessário dizer que, a partir desse momento, eles se tornaram gigantes por aqui. Esse disco ocupa um lugar especial no coração dos fãs brasileiros, principalmente daqueles que puderam ir aos shows. Essa forte ligação gerou a crença de que “Creatures of the Night” só fez sucesso no Brasil. Será mesmo?

O que temos de concreto é que o álbum fez mais sucesso com a crítica do que com o público em geral. Ele alcançou a 45ª posição na Billboard 200, o que pode ser considerado um feito e tanto para algumas bandas. No entanto, para o Kiss, que já era uma banda consagrada e acostumada a figurar nas posições mais altas das paradas, esse resultado não foi nada satisfatório. Em sua biografia, “Uma vida sem máscaras”, Paul Stanley diz que a bilheteria para a turnê do “Creatures” foi péssima. Embora fizessem shows em estádios completamente lotados na América do Sul, nos Estados Unidos a realidade era bem diferente. Vale ressaltar que fazer shows em estádios como o Morumbi, Maracanã e Mineirão não era comum para as bandas, que estavam mais acostumadas à ginásios. A cultura do futebol no Brasil sempre esteve associada a grandes estádios, com públicos que passavam de cem mil pessoas com alguma regularidade, especialmente entre as décadas de 1970 e 1990. Mesmo assim, eles não se empolgaram, e o “Creatures of the Night” foi considerado um tremendo fracasso. O próprio Paul comenta que o insucesso foi o preço que eles pagaram por terem lançado o “Unmasked” (1980) e o “Music From “The Elder” (1981), discos até hoje muito contestados. Mas, diferente destes, hoje em dia o “Creatures” é considerado um dos melhores álbuns do Kiss, e não apenas no Brasil.

Um fato curioso a respeito das gravações do álbum foi o processo de entrevistas que o Paul e o Gene realizaram para contratar um guitarrista no lugar de Ace Frehley, que estava de saída da banda. Entre os entrevistados estavam Richie Sambora, que mais tarde faria sucesso com o Bon Jovi, e um tal de Saul Hudson, mais conhecido como Slash. Paul Stanley comentou a respeito do episódio: “O rapaz havia sido muito bem recomendado e era cativante, mas parecia jovem demais. Eu havia completado trinta naquele ano e Gene tinha o dobro da idade do garoto”. não rolou, mas o resto é história. Sem um guitarrista fixo, vários músicos de estúdio participaram das gravações, entre eles Vinnie Vincent, que se juntou à banda para a turnê e permaneceu até 1984.

Destaques

Creatures of the Night: A faixa de abertura do disco chega com um peso até então nunca visto nos discos do Kiss. Sem dúvida alguma, o mais heavy metal da banda até então. Destaque para o riff marcante e, claro, para o solo do Steve Farris, que aparentemente não fez parte da banda por não se enquadrar no “estilo” dela. Excelente abertura para este clássico.

Danger: falando sobre os perigos da noite e a adrenalina envolvida nisso, “Danger” chega com um dos melhores riffs de introdução do disco, embora seja uma música pouco explorada, entra nos meus destaques.

It Love it Loud: Essa música — assim como outras do disco — é a prova cabal de que eles sempre tiveram plena noção da qualidade de “Creatures of the Night”. Basta observar a quantidade de canções do disco que entrou de forma definitiva para o setlist dos shows do Kiss até o fim da carreira da banda. o fato das vendas terem ficado muito aquém do esperado na época não reflete em nada a qualidade desse álbum. E o que dizer da perfomance do Eric Carr na bateria? Bom, é melhor não dizer nada, vamos apreciar esse hino do Rock.

I Still Love You: Quem disse que certas desilusões amorosas não rendem boas músicas? A prova é o próprio Paul Stanley, que perdeu a sua então namorada Donna Dixon para um ator canadense. A dor de cotovelo foi tanta que ele compôs essa belíssima balada. Veja a história (fofoca) completa nessa matéria publicada pela Whiplash: https://whiplash.net/materias/news_815/203166-kiss.html

War Machine: o que os caras acertaram nos riffs desse disco é sacanagem. O vocal do Gene também casou perfeitamente com o peso e a cadência da música, que é mais pesada e arrastada. Essa é outra que entrou no setlist e permaneceu, e com justiça!

Muito bom poder escrever sobre um clássico que precisou esperar o tempo passar para ser reconhecido como tal. A nostalgia dos fãs pode dizer o contrário, mas essa formação do Kiss se não for melhor, está no mesmo nível que a clássica. Todos sabem que o Ace era talentoso, porém desleixado, e que o Peter Criss tinha algumas deficiências técnicas. Esses fatos são mais que suficientes para defender a tese de que essa foi a formação mais entrosda do Kiss. Para os gringos, fica o recado: nós sempre estivemos certos!

Ficha Técnica

Artista: Kiss
Álbum: Creatures of the Night
Ano de Lançamento: 1982
Gravadora: Casablanca Records
Produção: Michael James Jackson, Paul Stanley, Gene Simmons

Integrantes

Paul Stanley: vocais, guitarra rítmica
Gene Simmons: vocais, baixo
Eric Carr: bateria, vocais de apoio
Ace Frehley (creditado, mas não participou das gravações)
Guitarristas de Estúdio: Steve Ferris, Vinnie Vincent, Robben Ford

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