O ano de 1981 marcou a guinada comercial do Blue Oyster Cult. Embora a banda já tivesse experimentado o sucesso com Agents of Fortune (1976), sobretudo pela presença do hit (Don’t Fear) The Reaper, os dois discos anteriores ao Fire of Unknown Origin, Mirrors (1979) e Cultosaurus Erectus (1980) não geraram o impacto que a banda gostaria, apesar de serem dois álbuns muito legais.

A solução foi produzir algo mais radiofônico, sem deixar de lado os elementos do rock progressivo que sempre fizeram parte da sonoridade do Blue Oyster Cult. O que também não foi deixado de lado foi a qualidade das composições e a produção. Isso porque existe a crença de que, quando uma banda se torna mais comercial, ela precisa necessariamente precarizar seu conteúdo. Em certa medida, é verdade, mas este foi o exemplo de que sim, é possível tocar na rádio e continuar soando excelente.

Mas e a história do álbum de cinema?

Parte das músicas do disco seriam usadas na trilha sonora do filme de animação canadense “Heavy Metal — Universo em Fantasia”, mas, sabe-se lá por qual motivo, a única faixa que entrou para o filme foi exatamente aquela que não foi feita para ele: Veteran of the Psychic Wars.

Destaques

Fire of Unkwown Origin: A faixa-título nos apresenta o estilo que predominaria ao longo do disco. Logo de cara, podemos notar a onipresença dos teclados com sintetizadores, item ”obrigatório” para as bandas de AOR e hard rock dos anos 80. Apesar da temática um tanto obscura e nada alegre, a música contrasta com o tema, por carregar um certo ar de leveza, diria até que ela é bem “para cima”, o que a torna perfeitamente adequada para as rádios. Tanto que é bem comum se pegar cantando o refrão “A fire of unknown origin took my baby away” como se fosse a coisa mais alegre do mundo.

Burnin’ for You: Chegamos à minha favorita. Creio não haver nada de especial nisso, já que essa faixa espetacular é, sem dúvidas, a queridinha do álbum e, quiçá, da banda para a maioria das pessoas. Essa música é a essência do rock dos anos 80, seja pela parte instrumental, pela letra ou pelo refrão. Não à toa, entrou para o Top 40 das paradas nos Estados Unidos e, consequentemente, impulsionou o disco para a 24ª posição da Billboard 200.

Heavy Metal: the Black and Silver: Aqui temos a música mais pesada do álbum. Basta observar o título para chegarmos a essa conclusão. O título entrega ainda outra informação: percebe-se que essa faixa estava com o carimbo do filme e com certeza faria parte da trilha sonora.

After Dark: Essa música é a personificação do rock oitentista. Se as demais apresentavam elementos sonoros que remetiam às práticas mais comuns da época, “After Dark” fincou suas raízes nela. Qualquer um que a ouça pela primeira vez, e tenha algum conhecimento musical, claro, dirá que essa música é dos anos 80. Para muitos, isso é um grande problema, pois pode deixar a música datada. No entanto, pelo menos na minha opinião, isso não aconteceu, mesmo sendo muito fácil identificar em qual década ela foi lançada. Outro ponto interessantísmo nela é o contrabaixo característico das bandas britânicas de post-punk.

Conclusão

“Fire of Unknown Origin” é um clássico. O sucesso alcançado junto ao público e à crítica é um exemplo inequívoco de que o Blue Öyster Cult conseguiu deixar para trás uma sequência negativa em termos comerciais e emplacar um grande disco após cinco anos. Este álbum talvez seja o trabalho mais bem-sucedido da banda. A ousadia em abraçar as tendências da época se mostrou extremamente acertada. Decididamente, este é um daqueles discos que estará para sempre no imaginário e na lista de qualquer bom roqueiro.

Ficha Técnica

Artista: Blue Öyster Cult
Álbum: Fire of Unknown Origin
Ano de Lançamento: 1981
Gravadora: Columbia Records
Produção: Martin Birch
Integrantes:
Eric Bloom: vocais, guitarra rítmica
Donald “Buck Dharma” Roeser: guitarra principal, vocais
Allen Lanier: teclados, guitarra
Joe Bouchard: baixo, vocais
Albert Bouchard: bateria, vocais