O primeiro álbum da banda LCD Soundsystem foi o resultado de um processo de vencer o ego, a auto-sabotagem, e finalmente dar a cara a tapa.

A banda indie começou a lançar singles desde 2002, e o álbum homônimo foi lançado em 2005, e inclusive chegou a ser nomeado para o Grammy de “Melhor Álbum de Música Eletrônica” no mesmo ano.
Mas não significa que se limite apenas à música eletrônica, afinal temos um mix que inclui pós-disco (Nu-disco?), rock alternativo (“dance-punk” e psicodélico). Um buffet de sons marcantes que remetem a diversas cenas da música alternativa e mainstream desde a década de 1970, principalmente à música dos B52’s, Talking Heads, Suicide… que até hoje virou a marca registrada da banda.

Esse álbum é bem marcante para mim, pois a história por trás da carreira do vocalista (James Murphy) me atraiu bastante. James sempre se envolveu com música e escrita desde a adolescência, participou de bandas (e era sempre o membro mais jovem e “promissor”), se tornou DJ e engenheiro de bateria. Foi, inclusive, convidado a se tornar um escritor para a sitcom “Seinfeld”, e recusou. Mas sempre desistia de tudo no meio do caminho, e ao mesmo tempo se levava à sério demais. Como DJ, era o hipster “original” da sua cena, que se orgulhava de ser o único que tinha posse de discos esquecidos e obscuros. Até ver o set de um DJ mais jovem e menos experiente com esses mesmos sons. E ele precisou encarar a própria realidade, e descer do pedestal.

Essa experiência e seu sentimento de estagnação, de ver os anos se passando e não ter criado nada significativo até então, o fez erguer as mangas, fundar o próprio selo independente (DFA Records) e a própria banda. O primeiro grande resultado foi um compilado de singles e novas músicas, um total de 16. Muito mais importante do que fazer perfeito, foi finalmente começar de verdade.

O álbum abre com o hit “Daft Punk is Playing At My House”. Um rock de 3 acordes, de letras simples e vocal descompromissado, muito uso da campana e uma forte linha de baixo.

A sequência de músicas é inconsistente. Por exemplo, a próxima (“Too Much Love”) é uma música profundamente eletrônica e abstrata, e “Tribulations” uma batida eletrônica até que agradável e grudenta.

Então temos aqui um mix quebrado de ritmos. Tiros curtos de rock, e mixes eletrônicos e nu-disco mais longos, mas ainda sim cheio de surpresas. Apesar do hit ter sido a primeira música, provavelmente a mais significativa para a banda foi “Losing My Edge”, que carrega toda a história contada aqui no início em formato de narrativa, acompanhada de um videoclipe cômico e irônico, e de vários tapas na cara.

De resto, os destaques são:

“Give it Up”, “Movement” e “Tired” – do lado do dance-punk, e a melancólica “Never as Tired as When I’m Waking Up”, com uma pegada bem mais psicodélica.

“Beat Connection”, “Yeah” e “Disco Infiltrator” – do lado da nu-disco e da música mais experimental.

A sensação é de um conjunto de músicas feito por hipsters que quiseram unir tudo que achavam de interessante, e extrair notas e detalhes desses seus acervos e memórias. Gosto muito!

E isso é LCD Soundsystem. Ouça tudo de uma vez, ou reparta o álbum entre playlists de música alternativa e divirta-se. É uma experiência marcante, seja para festas ou viajar um pouco no rock. Uma banda meio desconhecida no Brasil, mas tal como se deu com James Murphy, porque não abrir a mente e tentar algo novo (de quase 20 anos atrás)?

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